MANOEL JOAQUIM DA BOSTA - XVIII

O Monarca, manca acintosamente. Dizem que na prática do seu esporte preferido, o tiro ao pombo, seus desastrados aliados, conhecidos como os que beliscam, acertaram o alvo errado. O pé do Rei esta em frangalhos. Os mesmos parecem invisuais, cegos como se diz aqui nessas terras. Mas isso já se transformou em fato notório e público. Os mesmos somente cuidam para que tenham cada vez mais benefícios, antes da data do plebiscito. A criação de bezerrinhos no reino continua em alta. Antes somente os nobres criavam. Mas o Rei com inveja inseriu a prática da criação no Paço Real. Quem não é invisual, são aqueles dos partidos que defendem a república. Nicoro ressuscita sem nunca ter morrido. Queriam atribuir ao mesmo, recebimento de dim dim real, para que o sonho da república morresse. Mas ainda existem aqueles que não se dobram aos interesses do Rei. Existe por parte de alguns, a consciência, a moral, o caráter, que faz saber, que o coletivo é maior que benesses pessoais. Mas deverão os habitantes da côrte e províncias, aguardar o desfecho nas próximas semanas, assim irá se tomar ciência da verdade. Acredita-se que muitos irão calar-se, por tantas besteiras ditas. Os absurdos continuam no reino. Aqueles que deveriam defender a honestidade, não o fazem, e ainda são contra. O messias revoltoso na sua luta incansável, de moralidade nos educandários, recebe ameaças, e os políticos que deveriam defender isso, ainda questionam a honestidade do mesmo. Com certeza muitos nobres e quase a totalidade dos plebeus irão manifestar repudio a isso no dia do plebiscito. É incompreensível para muitos a péssima utilização das propinas, conhecido aqui como impostos. Quando refazem obras para escoamento das águas pluviais, são deixadas muitas pedrinhas ao léu. Até parece que isso é combinado, com aqueles que estimam a monarquia. Após a saída das carroças e dos trabalhadores do Paço Real, muitos rapidamente apoderam-se dessas sobras, que não são poucas. A charaka esta engrandecida, vaga com altivez pela côrte. Nota-se claramente que se encontra estufada. Deve ter conseguido se alimentar. Nesses tempos de calor as serpentes vagam todo momento, famintas a busca de uma presa. Mas dizem que recebeu ajuda para isso. Com certeza não foram os plebeus, e nem conseguiu isso nas províncias. O calor em demasia, fez perder um pouco o meu animo pela luxúria. A doce e amada esta a cobrar um pouco mais de presença. Mas a única presença que eu quero nesses momentos de calor é o meu esperovite, sempre entupido de todos os ingredientes necessários para preparar o cuba Fidel libre. Assim também consigo manter numa temperatura mais agradável os meus famosos e apetitosos...ovos de codorna.

M. J. da Bosta


Obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou acontecimentos reais terá sido mera coincidência.