14 de janeiro de 2012

LAURO BACCA


"Remansos de otimismo
Navegantes é um bom exemplo de que se pode fazer a coisa certa. Apesar do emergente problema do esgoto, a Meia Praia desse município não segue o condenável modelo de paredão de prédios rentes à faixa de areia, erro imperdoável de outras praias, como já abordamos. Isso não aconteceu por acaso. Resultou da visão de futuro e iniciativa de um dos maiores proprietários de terras do lugar, Egídio Narciso, há mais de 50 anos, quando a quase desabitada Navegantes ainda pertencia a Itajaí.

Inspirado no modelo das praias de Santos (SP), ele abriu mão de uma eventual maximização do lucro em prol da qualidade de vida dos futuros habitantes. Reservou larga faixa junto à praia para área pública e avenida à beira-mar. Com isso, evitou a repetição dos erros de ocupação que já começavam em outras praias, como a vizinha Gravatá, que até hoje sofre as consequências da falta de planejamento, ou Balneário Camboriú, que pretende dispender volumosos recursos para avolumar a faixa de areia. A visão de Egídio Narciso, naturalmente, num tempo em que não se falava em Meio Ambiente, não era ecológica, mas acabou resultando num ambiente natural que tem tudo para ser um exemplo de convivência, pelo menos parcial, do natural com o ecologicamente estéril ambiente urbano.

As coisas mudaram, a “Ecologia” chegou e hoje Navegantes, junto com os órgãos ambientais, procura preservar as restingas no seu estado natural. Os veranistas também estão se conscientizando. Os mal-educados que ainda deixam lixo jogado na praia estão se tornando muito raros (tomara que esse tipo de ser humano entre logo em extinção!). Nem tão raros assim são os que fazem isso junto aos caminhos e passarelas, onde algum lixo, infelizmente, ainda aparece. A vegetação da restinga vai se recuperando e boa parte da fauna nativa mostra o ar de sua graça. As vedetes deste verão são as corujas-buraqueiras que encantam os bons apreciadores da natureza que sabem apreciá-las de longe, respeitando-as no sossego do seu hábitat, que volta a ser mais natural.

Parece que a atual intenção de conciliar a preservação da restinga de Navegantes com o uso humano tem embasamento científico, é sincera e bem intencionada. Isso nos anima a fazer de público algumas sugestões. Por exemplo, por que não aumentar a altura das passarelas de acesso à praia, prevenindo que, com o passar do tempo, fiquem muito abaixo da altura da vegetação nativa do lugar, que deverá crescer um pouco mais? Isso dará mais segurança aos transeuntes e tornará o trajeto mais prazeroso, com melhor visão da bela paisagem do lugar. Dá até para diminuir ainda mais o impacto ambiental e os custos, reduzindo o número das passarelas pela metade. Para explicar isso, precisaremos voltar ao assunto."


Também publicado em www.santa.com.br

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