
"O turista e a poluição
Reportagens e notícias de paraísos à espera de ocupação costumam me causar arrepios.
A Praia de Mariscal, apontada pela Fatma com permanente boa qualidade da água, é um desses paraísos com forte pressão de ocupação. O lugar era praticamente deserto, nos idos de 1970, quando a região ainda pertencia a Porto Belo. O acesso só existia pela precária estrada de terra íngreme e sinuosa que cruzava o morro de Zimbros. Havia alguma ocupação no “mar de dentro”, em Canto Grande, aos pés do morro dos Macacos e na pequena e charmosa Praia da Conceição.
Em poucos anos, a floresta de restinga de Mariscal desapareceu para dar lugar ao loteamento. Originalmente, como em todo lugar semelhante, 100% das águas das chuvas que atravessavam a copa do arvoredo nativo penetravam rapidamente no solo arenoso, com lençol freático de água pura, de boa qualidade. Agora as chuvas caem sobre telhados e pavimentações, infiltrando menos e dando lugar ao esgoto e outros poluentes que, por enquanto, ainda não causaram maiores problemas em Mariscal, pelo menos perceptíveis. Bombas e Bombinhas também eram paraísos semelhantes, hoje têm esgoto correndo na praia.
A Meia Praia de Navegantes tem experimentado acelerado processo de ocupação. Durante vários anos não dava para perceber qualquer problema, apesar das centenas de novas moradias com lançamento de esgoto nas fossas e sumidouros pretensamente sépticos. Sumidouros que, com o adensamento populacional, passam a se tornar menos eficazes, à medida que o solo vai se saturando de águas servidas.
Navegantes é uma das raras praias com privilegiada faixa de restinga que a diferencia do insensato padrão do asfalto, carros e paredão de edifícios colados à faixa de areia, consequência do voraz imediatismo do lucro imobiliário. Quanto ao saneamento, porém, também ali a coisa está degringolando. Desaguadouros que antes eram apenas de águas pluviais na praia, neste verão, pela primeira vez, passaram a exalar cheiro de esgoto. A m*rda começou a mostrar o ar de sua fétida graça, como que zombando da inépcia das autoridades, focadas apenas no incremento do turismo nos seus balneários.
Parecem ignorar que o turista, além dos recursos que deixa nos municípios, também deixa lixo, águas servidas de banhos, lavações de louça e roupa. Ele também faz xixi e cocô, entre outras coisas. Planejamento prévio e tratamento adequado de esgoto, via de regra, não existe. Como resultado, praias e rios de locais cheios de veranistas estão cada vez mais cheios de esgoto.
Se Mariscal ainda não está fedendo é por que ainda não sofreu grande impacto urbano (Santa, dia 5) ou o impacto ainda não evidenciou seus efeitos, como atualmente, na Meia Praia de Navegantes. Expulso do paraíso, o atual Homo pseudosapiens expulsa paraísos."
também publicado em: www.santa.com.br

3 comentários:
Mete BRONCA Bacca!
Falta a TRIPA para tanta linguiça.
A m.... aparece em todos os lugares.
Péssimos administradores em várias localidades.
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